Quando eu falo começar do zero, começar de baixo, eu não estou exagerando… Assim que meus pais se separaram, recebi um convite para ser atriz de um buffet itinerante infantil… Eu tinha 13 anos, mas era alta e tinha o tipo exato para interpretar uma fada. Sim, iniciei minha vida profissional dando vida à Fada Açucena. Era gostoso lidar com as crianças, mas sabe esses personagens que se apresentam por horas em festas e eventos infantis, ralam pra caramba, sempre com um sorriso no rosto, em troca de um cachê muito, muito baixo? Essa era eu!
Sentia muito medo, medo da pobreza, medo do fracasso, medo de não ser alguém na vida, medo da rejeição. Eu já estava vivendo tudo isso com a separação dos meus pais. 
Eu tinha que sair daquela situação, tinha que mudar minha vida por isso eu pedi demissão, quando fui inscrita num concurso promovido por uma marca de esportes em São Paulo. Os jurados iriam eleger a "Musa da Copa de 1998" e um amigo secretamente fez a minha inscrição. Porque se ele tivesse me consultado, eu não teria coragem de me inscrever. 
Confesso que em meus diálogos internos eu dizia: "Quem você pensa que é para participar de um concurso deste, você vai passar vergonha... e se você ficar em último lugar? Se sua família não te apoia, você acha que os jurados vão te apoiar?"
Apesar de estar tremendo por dentro, tentei me manter firme por fora, porque apesar do medo de ficar em último lugar, eu tinha uma esperança secreta de ganhar e era isso que me fazia tremer…(CONGELAMENTO) Me mantive firme, tremendo por dentro e desfilando por fora, e quando ouvi meu nome anunciado como eleita, desabei num choro quase convulsivo! Mais do que o título, um alívio. A minha vida toda passou pelos meus olhos naquele momento. Dizem que isso acontece quando a gente passa por situações onde a nossa vida corre algum risco. Mas, o que aconteceu de fato foi que, ali, uma velha Michelly era sepultada e nascia uma nova versão que jamais voltaria a ter o mesmo tamanho.
Essa é a fase onde a beleza que abre portas é também a beleza que fecha portas. 
Deixe eu explicar isso melhor. A partir deste título, fiz uma carreira bem-sucedida como modelo, mas eu sabia que tinha nascido para mais. Em minha jornada, desenvolvi talentos que eu sabia que poderiam fazer do Brasil e do mundo um lugar melhor. 
Me dediquei à faculdade de Comunicação Social, dei meu melhor e minhas notas falariam por mim. 
Era chegada a hora de enfrentar o mundo como jornalista e não mais como a musa. Era o que eu verdadeiramente queria!
E foi aí que, mais uma vez, as portas se fecharam para mim.
Para a musa as portas continuavam abertas, mas quem essa jornalista pensava que era?
Gritavam silenciosamente que loiras são burras e tem que viver, no máximo, de beleza. 
Quem é você para ser jornalista?
Mais uma vez, o medo se levantou em minha vida. Os mesmos medos: da pobreza, do fracasso, de não ser alguém especial, medo da rejeição. Eu, mais uma vez, estava sendo rejeitada. 
Mas, dentro de mim, eu tinha um sonho e não estava disposta a desistir dele por nada. 
E quando o sonho é especial o suficiente, não importa o tamanho do desafio. 
Foi num dos momentos mais injustos da minha vida, que eu tive uma das maiores vitórias da minha carreira. Eu fui convidada para ter o meu programa de TV. Esse foi o ponto de virada da minha vida, esse foi o ponto de virada da minha carreira.
	 
Obviamente, nós só iremos aceitar na mentoria MULHERES que eu sei que vou conseguir ajudar. Essa é uma recomendação do meu mentor! Eu sou obediente, lembra?